
O Sporting tem mais uma sócia. Chama-se Maria Rita e é a sócia nº 87.313.
Salvou-se assim, de forma redentora e inultrapassável, a época e um dos periodos mais negros da história do Sporting. Desta forma tão simples. Nasceu uma leoa. Mais um farol de esperança para a nossa existência.
Ah! intrépidos cavaleiros apocalipticos! Que enganadores sois! Anunciando o fim. Alardeando inevitabilidades. E ao mesmo tempo semeando pela vida a crença absoluta no futuro. Que será deles. Vossos filhos, nossas crianças.
Todos eles. Tu também Maria Rita! A crescerem. Olhos fixos na nossa euforia. Sentados nas bancadas verdes da nossa memória. A verem um tempo que será um retalho de memória. Um golo, um abraço. Chega para perceber que há coisas que nos unem. Que sem explicação se amam.
Venham putos! Bora á bola! Tu também Maria Rita. Mais uns meses e já podes vir também. Agora há que ser bébé.
A nós, estimados cavaleiros, cumpre-nos criar memórias. Sobrevivência ou Glória. Tanto faz. Não é esse o nosso legado. É o do inexplicável laço. Supra social, económico, politico. É uma das ultimas manifestações do instinto, do irracional, que nos permitem. Cumpre-nos mantê-lo. O mais impoluto possivel. É o refugio ultimo da verdadeira dimensão humana. Da nossa pequenez e do poder da união. É o paradigma do cumprimento de um sonho. Da construção colectiva. A valiosa prova da possibilidade infinita e da sua realização. É a reserva de um código de valores, traí-los é trair a prole. É um santuário. Casa de abrigo de qualquer solidão. É a verdadeira herança.
Maria Rita não te preocupes com o ultimo paragrafo. É o tio a divagar, um dia percebes. Juro.
Ah corajosos gremistas! Ter filhos agora. Contra a tempestade. De peito aberto a acreditar na Humanidade. Como vos admiro a audácia. Que, como sabeis, sempre recompensa.
Assim creio, com fé inabalável, que contaremos ás nossas crianças este pedaço de história negra do clube e do país, que agora é presente, perante os seus olhos incredulos e cabeças construtoras de fantasias. Como foram os nossos, olhando e amando, os nossos pais e o presente deles, nosso passado feito comum.
Maria Rita, eu também achava que o Sporting e o mundo que o meu pai me relatava eram não de outro tempo mas de outra realidade. Não eram. Eram o presente dele no pretérito perfeito. A minha fantasia, a realidade dele. Como o nosso presente vai ser um dia a tua fantasia de olhos abertos.
Maria Rita olha que isto é uma grande prenda do teu pai.
Assim com o anuncio de mais uma leoa. Uma das nossas. Vocês sabem. Assim se resgata a esperança. Se renova a vontade. Se percebe a responsabilidade. Se revela a verdadeira dimensão do sportinguismo. Um mundo nosso, feito por nós, vivido por cada um diversamente e por todos de forma igual. Um mundo nosso que é imperativo perpetuar de forma a entregá-lo a girar aos vossos filhos, nossas crianças. Uma lição mais do belo jogo. Um bom passe facilita o jogo. Ontem nasceu uma leoa, de nobre estirpe clubistica. Vai Mr. Acosta este passe é para a tua bicicleta!
Maria Rita depois pergunta ao teu pai quem foi o Acosta. ( Pode parecer surreal mas garanto-te que tudo o que ele contar foi mesmo assim. Noutro tempo. Noutro mundo que vai ser teu um dia. A girar! )
Viva o Sporting!
Viva a Maria Rita! Viva Mr. Acosta!
Vivam porque nos fazem viver!